Ato de dizer não

Nunca escrevi nada sobre o ato de dizer não. Ao longo da minha vida, buscando aceitação no âmbito familiar, entre amigos e no trabalho, acabei passando todo esse tempo concordando com tudo, mesmo que posteriormente me arrependesse profundamente. Muitas vezes, eu mesma me considerava uma tola.

Mesmo quando não podia, encontrava maneiras de ajudar e estar disponível para as pessoas, e o "sim" era sempre a resposta pronta. Porque muitas de nós, mulheres, nos deixamos levar pelo sim, acreditando que assim seremos aceitas, queridas e amadas por todos. O detalhe importante é que, frequentemente, ouvia que eu era generosa, mas a mesma pessoa que ouviu meu sim parecia esquecer quando precisava.

Foi nos momentos mais difíceis que aprendi a importância do não. Foi então que pude perceber quem realmente estava ao meu lado, e eram poucos. Se você acredita que dizer sim para tudo vai além, devo dizer que não. Quando tomamos consciência e dizemos não, expressamos nossa opinião, recusamos o que não gostamos e não concordamos com a maneira como fomos tratados.

As pessoas geralmente ficam surpresas quando você diz não, e naturalmente podem te achar dura. Mas, normalmente, um dia o mundo é duro com você, aproveitando-se de sua fragilidade e carência afetiva, quando você só queria um sorriso, um abraço sincero ou um telefonema perguntando como você está, sem pedir nada em troca. E, infelizmente, muitas vezes respondemos com um sim imediato.

Isso é a vida real e aconteceu comigo. Hoje, depois de muitos anos e após passar por terapia, percebo que agi de forma equivocada ao dizer apenas sim, movida pelo medo da solidão. Hoje, o ato de dizer não, quando necessário, me liberta, sempre com respeito pelo outro e muita compaixão.