Quem habita sob um teto sabe exatamente onde as lágrimas do céu encontram seu caminho. Não se deixe ferir por críticas de almas que desconhecem sequer uma fração da sua angústia, daquilo que sussurra ao travesseiro nas noites insones. Suas batalhas são suas, assim como cada gota que se infiltra, desenhando mapas de desespero no teto da sua alma.
Existem almas que se queixam incessantemente, verdadeiras goteiras que pingam incessantemente na vida alheia. Se o sol brilha, elas murmuram por não poderem contemplar a luz com olhos atentos; se a chuva cai, a lamúria também; no calor, gemem; no frio, logo proclamam sua preferência pelo calor. Pequenas goteiras, elas não percebem o impacto que causam na existência dos outros.
Trabalho é alvo de seus lamentos, e a falta dele também. A vida se tornaria menos árdua se pausássemos, logo pela manhã, para agradecer. Lembro-me de um casal de idosos que, há anos, convivia com uma rachadura intransponível em seu lar, onde a chuva se infiltrava sem pedir permissão. Baldes e bacias tornaram-se aliados na luta contra a intromissão da água. No entanto, o belo reside na aceitação serena desse casal, que nunca pranteava sua sina. Compreendiam que a tormenta passaria, e tudo retornaria à normalidade. Lidavam com a adversidade com uma serenidade comovente.
E você, como tem enfrentado as goteiras da sua existência? Tem tratado essas gotas indesejadas com amor, paz, alegria e serenidade, ou têm ecoado como gotas incessantes em dias chuvosos? Em meio aos tempos árduos que nos envolvem, busquemos ser menos goteiras e mais fontes de compaixão, para que dias mais radiantes possam emergir das nuvens carregadas.
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